cem anos de silêncio

A ideia foi fazer um branco de vinhas velhas, registadas no Instituto da Vinha e do Vinho em 1931, que revelasse o melhor das uvas plantadas em ramada em Mancelos (Amarante), a cerca de 450 metros de altitude, pelos antepassados da família Freitas de Sousa. A grande diferença das vinhas antigas em relação à maioria das regiões que as conservam é a presença da casta Azal, mantida sem misturas nestas cepas. 

Em 2020 os enólogos Joana e António Maçanita vindimaram e vinificaram na adega da quinta cerca de mil litros da casta Azal, vinho que ainda não foi lançado. Em 2021, com enologia de Jorge Sousa Pinto – que se mantém como enólogo da casa –, produziram-se 600 garrafas monocasta Azal. Um vinho experimental que se designou "número zero" numa alusão aos números zero que os jornais lançam internamente antes de saírem para as bancas. 

Já com a inscrição na Comissão de Viticultura da Região do Vinhos Verdes em 2022, foram colhidos cerca de 2300 quilos de Azal, vinificados na adega de Jorge Sousa Pinto, a cerca de três quilómetros, na mesma freguesia de Mancelos. As 1998 garrafas, numeradas, foram lacradas e embaladas manualmente pelos produtores. O nome "cem anos de silêncio" sugere um vinho que nunca chegou a ser feito na quinta, pacientemente aguardando a sua oportunidade. 

Este vinho branco, sem gás, estagiou em cuba de inox durante oito meses e em garrafa mais seis. Foi desenhado para ter grande potencial de guarda, tal como se tem verificado em colheitas anteriores, e é gastronómico. As uvas são colhidas manualmente para cestas de 30 quilos, numa vindima que requer a utilização de escadas em madeira uma vez que há cachos a cerca de três e mais metros de altura.

one hundred years of silence

The idea was to make a white wine from old vines that were registered with the Vine and Wine Institute in 1931, bringing out the best in these branch planted grapes in Mancelos (Amarante), at an altitude of around 450 metres, by the ancestors of the Freitas de Sousa family. The big difference between these and other old vineyards across most of the region is the presence of the Azal variety, which is kept unblended. 

In 2020, winemakers Joana and António Maçanita harvested and vinified around a thousand litres of the Azal in the estate's cellar. This is a wine that has not yet been released. In 2021, with enology by Jorge Sousa Pinto, who remains the house winemaker, 600 single-varietal Azal bottles were produced. It’s an experimental wine that was labelled "número zero"  - "issue zero" -, alluding to the test issues that newspapers release internally before they go on the newsstand.

In 2022, now registered with the Viticulture Commission of the Verde Wine Region, around 2,300 kilos of Azal were harvested and then vinified in Jorge Sousa Pinto's winery, around three kilometres away, in the same parish of Mancelos. The 1998 numbered bottles were sealed and packed by hand by the producers. The name "one hundred years of silence" suggests a wine that was never made on the estate, patiently waiting for its opportunity. 

This non-sparkling white wine has been aged in stainless steel vats for eight months and in bottle for a further six. It was designed to have great ageing potential, as seen in previous batches, and is gastronomic. The grapes were hand-picked into 30 kilo baskets, in a harvest that required the use of wooden ladders as the bunches grow three or more metres above the ground.